“QUANDO AS SOMBRAS AMEAÇAM O CAMINHO, A LUZ É MAIS PRECIOSA E MAIS PURA."

(Espírito Emmanuel, in "Paulo e Estêvão", romance por ele ditado a Chico Xavier)

Meus Amigos e blogAmigos!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

QUE FELICIDADE... NASCEU NUMA PRIMAVERA



Saudades daquele vozeirão lindo;


HOJE ELE FARIA 67 ANOS.


Onde você estiver...

TIM MAIA,


OBRIGADO PELAS ALEGRIAS QUE VOCÊ ME DEU!








Comentário d'A BALESTRA: Tim Maia, nascido SEBASTIÃO RODRIGUES MAIA (Rio de Janeiro, 28.09.1942 - Niterói, 15.02.1998). Entrou para o hall do sucesso a partir da década de 70 e tornou-se um dos mais influentes cantores brasileiros. Vítima de uma infecção generalizada, após a tentativa de um show em condições de saúde debilitada.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

FALANDO COM AS ONDAS...



...todo dia é dia de se comemorar, apesar das pedras que nuns nos vem mais, noutros menos.

A vida é de ser comemorada! Afinal, quantos chegaram a este Plano mas nem sequer conseguiram dar o primeiro suspiro?!... E quantos que encerram o expediente tão inesperadamente... sem nos avisar.

Justamente nessas ausências é que, creio, está a Ordem; que nos alegremos da vida, e até da falta dela ou dos que já se Foram. Porque de tudo há um sentido a ser extraído, meditado.

Todos temos uma Missão neste Plano; a sua, meu Amigo, sou testemunha (e centenas de outros também!), de há muito você tem feito com galhardia e honradez, e o fará ainda por muitos e muitos anos, tenho certeza... e rogo a Ele por isso nestas minhas palavras.

Ser RADIALISTA, no sentido maiúsculo e nobre do termo, numa época tão extensa de injustiças, que vem de longe, e até de muito perto... Noticiar todo dia os direitos individuais serem violentados, seja pelo esquecimento ou força do poder em todas as esferas da sociedade, seja pela força de egoísmos doentios. Assistir as peças do teatro da miséria humana sem poder fazer muita coisa, a não ser chorar solitária e recolhidamente num estúdio... E só muito vez por outra, poder dar uma notícia que alegre a todos os seus ouvintes...

Ah, meu Amigo, isso não é pra qualquer um! É preciso ter no peito um coração privilegiado, que resista a esses ventos gelados soprados pela boca da indiferença, da falta de solidariedade...

Deus coloca as pessoas certas nos lugares certos. Não tenho dúvidas! A você, meu Amigo, Ele deu o microfone e o céu pra viajar suas ondas, mas não Se esqueceu de lhe dar também um belo timbre de voz, uma dicção especial, melhor que as nossas, seus ouvintes.

Meu grande Amigo, neste DIA DO RÁDIO e da RADIODIFUSÃO, aqui minha homenagem A VOCÊ e a TODOS DA SUA EQUIPE, sem me esquecer daqueles que, na mais humilde tarefa do ofício, nos bastidores das emissoras pelo Brasil afora, conseguem manter e fazer do rádio e da radiodifusão ainda o melhor veículo de propagação da notícia de verdade!

Abraços fortes deste seu Amigo e fã!





PARABÉNS,


JOAQUIM DE PAULA!







Comentário d'A BALESTRA: JOAQUIM DE PAULA, acima na fotografia (com óculos) com os inesquecíveis Silvio Padeiro e João Alécio, é blogueiro e radialista em Paranavaí (PR), minha terra natal, a quem conheci em fins dos anos 60, na antiga Rádio Paranavaí, nos altos do Bar do Sêo Olimpio, cruzamento da Rua Marechal Cândido Rondon com a Av. Getúlio Vargas. Atualmente Joaquim de Paula tem o programa JORNAL DO MEIO DIA, na Rádio Cultura AM, também em Paranavaí.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

De seren'idade, d’espelhos & d’amainações d’ímpetos d'amar





Naquele tempo,



procurava os entardeceres,




os arredores e a desdita;




agora as manhãs,




o centro e a serenidade.”



Jorge Luis Borges



Fonte: in Prólogo ao fervor de Buenos Aires. 1923

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

ASSIM Q'IMAGINEI...


A madrugada fresca e úmida daquela quinta-feira no litoral pernambucano fora de sonos quebrados pr’aquela jovem mãe sertaneja. O Céu aos poucos se tingia d’alaranjado no horizonte sobre um mar de verdes e calmas águas; a aurora assinalava um dia de sol rasgado, tostante como sempre ali. O marido inda moço também, inquieto, mal pregara os olhos cuidando do primogênito que dormia sono inocente. A família. Só os três por ali. Pura ansiedade.

A cada novo sinal de seu ventre ela ficava mais apreensiva; a longa espera dos nove meses se afunilava, mas mantinha-se sertanejamente firme. Qualquer som de sua voz era motivo pro marido fazer-lhe indagações. O frescor da manhã foi cedendo lugar ao calor sobre aquela capital beira mar.

A primavera acabara de chegar. Junto trouxera todos os seus matizes, flores e perfumes, as lavadeiras-mascaradas e os demais pássaros da estação. O sol tomou conta do seu reino; no céu um azul limpo de doer os olhos. Quase dez horas da manhã, a avó materna já chegada para o auxílio, juntamente com a senhora parteira; experientes, puseram à mão os apetrechos do ofício. O ansioso marido fumava pra espairecer... contudo não relaxava; nem a presença do primogênito o distraia. Afinal, iria ser pai novamente. ¿Será menino ou menina?, se perguntava.

Os ponteiros ultrapassaram as dez horas. A um singelo sinal da avó, a porta do quarto foi fechada. Um silêncio se derramou... Em pouco, o choro forte do anjo em flor que chegava naquela primavera, e o aviso vindo da voz da avó materna: - Graças ao nosso bom Deus, deu tudo certo... Em seguida deu a boa nova ao genro inquieto:

- Venha ver Roseval! É uma menina!! Linda!

- Meu botão de flor! Flor de primavera! Vai se chamar Tereza Cristina! – disse o pai com os olhos marejando lágrimas d'alegrias... No quarto a jovem mãe agradecia o presentinho divino clariiinho... Recife nunca mais foi o mesmo!
















Comentário d'A BALESTRA: nesta alegoria a homenagem que faço à ANIVERSARIANTE DO DIA e nossa blogamiga primaveril, a arquiteta TEREZA FREIRE, que hoje apaga velinhas lá no seu belo Recife.

A ela meus PARABÉNS e os votos de que a idade nova que chega hoje traga-lhe também muita saúde, paz, e a certeza da realização de TODOS os seus sonhos - sem exceção - pessoais e profissionais.




Fotografia by WEB: RECIFE ANTIGO - Rua do Bom jesus

terça-feira, 22 de setembro de 2009

HÁBITOS ANTIGOS SÃO DIFÍCEIS DE SE PERDER...



Não perco my old habit musical jamais!

Os demais que os tenho o mundo que me perdoe e os tolere enquanto eu aqui estiver; uma vez nascido músico SEMPRE músico!

Nem que a gente termine nossos dias de vida só trocando cordas de guitarras dos outros ou varrendo palcos pra bandas & cantores...

Certa vez um $ujeito dinheiri$ta contumaz, chatí$$imo, daqueles que se sentam numa gilete e ainda balançam as pernas, perguntou-me:

- Por que músico é tão cheio de manias?

(Financeiro dum evento musical em Curitiba, o chatonildo tivera contato com exigências artísticas dum grande violonista brasileiro que lá se apresentava...)

Respondi-lhe (de minha praia c/ + de 40 anos de acordes) que músicos são pessoas simples, desapegadas, e que só um músico entende outro músico... $obretudo porque não tem inveja$ recíproca$!

O iluminado talento de cada um lhes basta... o resto é paz de espírito.





Comentários lúdicos d'A BALESTRA:

1 - DAVE STEWART (guitarrista) & BAND aí tocam OLD HABITS DIE HARD ("Hábitos antigos são difíceis de se perder"), melodia escrita por ele em parceria MICK JAGGER, autor da letra, para o filme Alfie, em 2004;

2 - a música foi gravada originalmente na voz de Mick Jagger sozinho, sem os Stones, e também pela cantora americana Sheryl Suzanne Crow;

3 - com essa música DAVE & MICK ganharam em 2005 o Prêmio Golden Globe Awards (Globo de Ouro), na categoria de Melhor Canção Original, mas não conseguiram o Oscar na mesma categoria, em cinco anos;

4 – um dos pontos altos da melodia aí no vídeo é o solo tecnicamente divino de DAVE STEWART em sua legítima black guitar Fender Stratocaster, personalizada com madrepérolas no braço e detalhes no corpo;

5 – A linda e potente voz negra (...não lembrei o nome dela.) adoçou na medida exata o que a melodia clamava. Perfeitíssima!!!!

6 - Advertênci'amorosa final: não há que se confundir hábitos com vícios...


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CARTÃO VERMELHO


"...mandou pra Cotidiano, que mandou pra Fran do FAZ DE CONTA, que repassou pra Josie d’O Meu Essencial, que repassou Dan do Pouco de Tudo, que enviou pra Carlucha, que endereçou pro Bar do Bulga, que... uffa... outorgou-me o prazer e o direito da saudável brincadeira.


Regras básicas:


"Cada um deve fazer uma listinha com 10 escolhidos para dar o cartão vermelho.

Pode ser uma pessoa, uma atitude, enfim, tudo aquilo que de alguma forma nos incomode, e se quiser e precisar, dê uma justificativa breve.

Após fazer isso, passe a bola para mais cinco blogueiros e vamos ver no que dá…"



Eis a minha listinha:


1 – Hipocrisias d’amor; só sei amar de verdade!
2 - Soberba de funcionário público concursado; estabilidade e poder lesados.
3 - Blog de celebridades que não interagem; guarda-sol sem pano.
4 - Música eletrônica bat’estaca em carro/casa; sem alma. É só matemática, investimento em surdez e má querência.
5 – Animais desamparados; aviltamento da raça humana.
6 - Copo americano pra cerveja; a tulipa de chope, transparente, me calha melhor.
7 - Egoísmo de qualquer forma; medo da própria incompetência.
8 - Brócolis; há muita coisa melhor pra comer... picanha, por exemplo.
9 - Morosidade das decisões judiciais; o antídoto trouxe a era do assessor.
10 – Sinopses para fugir dos parágrafos das obras; demarca a indigência intelectual.

Convido pra roda as seguintes blogamigas:

TK FREIRE
A MONGA E A EXECUTIVA
DE VEZ EM QUANDO VENHO AQUI
A VIDA É MOVIMENTO
MARTA BELLINI


sábado, 19 de setembro de 2009

O IPÊ "CAPTIRADO"




"Certo dia um caçador muito mau, resolveu acabar com todas as árvores do planeta.

Quando estava preste a cortar o primeiro ipê, um vento estranho e muito forte se aproximou, e como num passe de mágica, uma fada apareceu.

E castigando-o pela sua maldade, transformou o infeliz caçador em um pé de "Ipê".


Até hoje, nas florestas, quando a noite se cala, pode se escutar o lamento do caçador que chora com saudades da família."


Fonte: captirado do blog FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER, de minha blogg'amiga Silvana Nunes, do Rio de Janeiro (RJ), pessoa que cuida melhor que ninguém das fábulas, tradições e das florestas do nosso Brasil.

Imagem: by André Maringá; fotografia da florada de um Ipê numa rua de Maringá (Paraná - Brasil), em junho/2009, publicada no Blog do Rigon.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O CÉU... E O NEM TANTO DOS VINHOS


Farejando fino os comentários feitos no post anterior, cheguei a umas conclusões – mas leigas, já que não sou nenhum sommelier que gostaria de dividi-las:

No geral s’excomunga o VINHO tão só por seu álcool, esquecendo-se o nobr’encanto de seu sabor. No entanto, sem culpa, aceitamos uma ou duas (ou mais de duas mais...) taças de champanha (um tipo espumante) por ocasião da passagem de Ano. Festejos, dir-se-ia. ‘Tá bom. Aceito.

Então, da só singeleza desse festivo consentimento calha resposta à excomunhão: a dose moderada. Fugimos todos é da ebriedade e não do álcool do vinho...

Da alegre revelação dos gostos pessoais, notei que se tem um pouco o vinho tinto como sinônimo de viripotência, enquanto que ao branco ou doce se dão ares feminis. Pode até ser, mas ouso discordar. Explico-me e até dou alegr'exemplo.

Enquanto neto de italianos escolho a qualidade e o tipo de vinho segundo meu momento, e tão só em função de sua harmonização com o prato pretendido naquele momento. Fujo de heresias com vinhos & pratos.


Mês passado, numa boa viagem que fiz – apesar de não ter o hábito de jantar –, certa noite no restaurante do hotel servi-me duma taça grande de vinho tinto português de médio corpo e o conciliei com macarrão ao molho branco e um saboroso bacalhau a Gomes de Sá. Divino... o meu sono. Sem culpa alguma!

O exemplo: rapazote ainda fui a uma feira-exposição em Paranavaí. Logo na entrada do parque uma imensa e linda pipa de vinho gaúcho. As moças com seus trajes típicos serranos. Eu e os amigos cedemos aos impulsos e “metemos a cara" no vinho doce... A cada duas voltas pelas ruas internas do parque, voltávamos à carga, molhar a garganta...; novo copo daquela tentação doce! A goela agradecia, encantada... e a gente voltava a paquerar as meninas pelo parque afora.

Já passava de uma hora da manhã, o movimento diminuiu, resolvemos ir dormir... Não tinhamos carros ainda e não havia mais circular àquela hora, e o centro da cidade estava longe. ...Mas pelo caminho foi uma tragédia; groguinhos da silva e fazendo pit-stop a todo instante... ¿E depois, pela manhã? A cabeça pesava duas toneladas e o corpo... uma folha de papel ao vento...

É. Ali descobri que vinho é mesmo uma bebida divinal, mas é só mangar do lado feminil daquele doce que envém logo as chamas pelos dentros da gente...

Hoje amo e respeito o DOCE mais que nunca! Sei-lhe e dou valor... !



Imagens: 1 - taça de vinho, by Emo Saloy; 2 - by WEB; 3 - by Vinícola Garibaldi ©RRibeiro


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

VINHO & PERSONALIDADE


Na hora de escolher o vinho você vai direto naqueles que são mais secos e "amarram" a boca? Ou prefere os mais suaves e até doces? Pois saiba que a sua decisão pode revelar muito sobre sua personalidade. Pelo menos é o que aponta um estudo realizado na Austrália e na Grã-Bretanha.

A pesquisa sugere que pessoas que preferem vinhos de sabor doce apresentam uma maior tendência a serem impulsivas. Já aquelas que optam por vinhos secos, são mais simpáticas e abertas. A pesquisa aconteceu com 45 pessoas da cidade de Sheffield, na Inglaterra, que cultivam o costume de consumir a bebida diariamente. Os voluntários foram divididos em dois grupos, segundo a preferência por doce ou seco.

Os participantes também foram submetidos a testes de personalidade, para avaliar sua impulsividade, abertura na convivência social, empatia e extroversão.

De acordo com os cientistas, as pessoas possuem uma tendência maior em optar pelo vinho doce, o que seria uma escolha mais simples e clara, por isso o grupo pode ser considerado mais impulsivo.


Fonte: PARANÁ ON LINE / VIDA E SAÚDE

terça-feira, 8 de setembro de 2009

...DE COISAS, PESSOAS & ALEGRIAS




...“Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria...

Depois, retoma coisas e pessoas

para ver se já somos capazes da alegria sozinha...

Essa – a alegria que Ele quer...”










Fonte: by João Guimarães Rosa, em Noites do Sertão - Buriti, Edit. Record/Altaya, 1988, p. 248

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Reminiscências de fubá

Ia ao Fórum de Sarandi pela manhã, e uma constatação me emocionou: o prédio de meu último emprego (1988), Germani Alimentos S.A. (depois Ceval, Santista Alimentos e Bünge) não está mais vazio!

Sempre que avisto aquele prédio, todo em cimento aparente, sua passarela elevada de concreto até o prédio, a portaria por onde entravam os automóveis e meu Fusca Godofredo, os vigilantes na guaritinha pintada com o símbolo da empresa – uma espiga de milho estilizada e em diagonal, entrecortando um “G” grande –, os taludes verdinhos, tudo rebobina em minha memória. Até ressoam os sons em meus ouvidos.

Ouço os telefones cremes - ainda de discos - do nosso televendas tocando sem parar sobre a mesa ovalada, em cerejeira, onde aconteciam as operações com fubás, pré-cozidos, gritz para cervejarias, canjiquinhas, creme de milho, e outros tantos subprodutos de milho.

Vejo abertos os cadernos universitários dos vendedores (o meu guardo com carinho; histórias de vida...); a amável Mai sempre nos intermediando nos embates com o financeiro; o Rieki e sua voz rouca; Sandro, voz bonita e grave, de locutor mesmo; o vozeiro sempre alto e as risadas abertas de Jackson, com dois telefones aos ouvidos, simultaneamente negociando com um cliente do Ceará e outro de Pernambuco, enquanto eu falava noutro aparelho com Valim, nosso representante em Volta Redonda. Era cansativo, mas prazeroso. O dia fluía... e as metas tirávamos de letra, fossem sob fretes CIF ou FOB!

Nosso departamento (o DEVEN) era todo cercado por vidros transparentes (aí nas fotos). Um local sério, e às vezes tenso quando próximo do final do mês, mas nunca ficava sisudo; não deixávamos! Lá aconteciam coisas hilariantes. Conto uma.

Tínhamos um colega vendedor, em verdade um arremedo de vendedor, boa praça, moreno claro e muito magro, rosto fino onde se destacavam seus olhos verdes que transmitiam uma inocência enorme. Era um coração de manteiga, e voz marcantemente anasalada, quase foinha. O sujeito era destaque mesmo quieto, calado!

De tão tímido, sequer conseguia se identificar ao telefone para o cliente que ele mesmo ligava. O fone parecia queimar-lhe as mãos. A venda não saía. E ele, com olhos apreensivos pra gente, suava como uma gazela à frente dum guepardo! E a gente via, mas nada fazia: a fruta ficar melhor se amadurecida sozinha, no pé!

Muitas vezes ficávamos com o telefone colado ao ouvido, fingindo um atendimento só para não sermos interrompidos na necessária observação, e aí podermos ouvir sarcasticamente o que ele falava ao telefone com "seu cliente".

Pobre rapaz! Toda fala dele para o tal cliente do telefonema ficava pela metade. Morria no início, nas primeiras sílabas ou até mesmo nas primeiras letras de algum produto. Parecia caminhão carregado de milho em carroceria mal fechada; ia perdendo tudo pela estrada:

- Boa tarde, aqui é o... Si..., Cuscumil... Saran... Sarandi. Sim senhor... Estamos c'uma promo... - Pura tortura ver a rosca sem fim daquele enrosco da pobre alma.

Só quando víamos que a coisa não ia dar em nada (...e que as metas seriam prejudicadas...), o socorríamos! E tudo se acomodava de novo. Porém, não sem antes rirmos um bocado de cada episódio...

Foi que, sobretudo por força de sua índole mansa, ser um jovem, pai de família, o tal esboço de vendedor, safou-se da fatal demissão a pedido de nossa equipe de vendas para a chefia; rumou para um serviço burocrático na empresa. Lá ficou pouco...

Como o ser humano é dinâmico, especialmente quando a água bate na região glútea, tempos depois me surpreendi: encontrei o rapaz sendo um ótimo vendedor do setor de atacados de eletrodomésticos na cidade. Depois disso, toda vez que o via trabalhando até duvidava daquelas cenas do passado dele. Nessas ocasiões, feito um apalermado, eu ria solitariamente.

Mas voltando à vaca fria do tal prédio, minha boa surpresa foi que, no mesmo local da Germani, em que antes só falávamos de metas, valores monetários, produção, vendas, exportações, e tudo girando em torno do vil metal que move esse mundão - mas que nos traz tanta agonia -, agora se cuida da educação sistemática de nosso povo humilde. Ali está implantado o CEBJA Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos.

Fiquei feliz de verdade! Interrompeu-se o círculo de sucessivas aquisições do imóvel. Agora serve a um fim que reputo muito mais importante que dinheiro: a ALFABETIZAÇÃO, a disseminação do CONHECIMENTO, da CULTURA, do ABRIR d'olhos para a vida em favor dos menos assistidos, enfim, a chance d'uma dignidade perene para eles.

Afinal, penso cá comigo: mesmo com todo o dinheiro do mundo a gente sempre corre o risco de se niilificar a qualquer hora de novo, porque é o metal finito. Porém, um tesouro de conhecimentos ninguém nos rouba, NUNCA!


...essas as reminiscências de fubá de um ex-vendedor de televendas: eu!


Fonte: texto e fotografias by arquivo pessoal de José Roberto Balestra - post de 20.12.2006, atualizado, publicado em meu primeiro blog/UOL, "LA BALESTRA".

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

AO FIM DO DIA

*Paula Cajaty





ao fim do dia
quando estiver mais próximo
de sua própria essência
não hesite em abraçar o abismo
de olhos vítreos
no porvir da ausência.

observa - cala a existência.
o nada só tem sentido
se contraposto a tudo
que houvermos sido.






*PAULA CAJATY, carioca, nascida em 1975, é advogada, mas se realiza na literatura e na poesia. AFRODITE IN VERSO (2008), com 58 poemas, é seu primeiro livro, e tem orelha escrita por Fabrício Carpinejar e elogios de autores consagrados por crítica e público.