“QUANDO AS SOMBRAS AMEAÇAM O CAMINHO, A LUZ É MAIS PRECIOSA E MAIS PURA."

(Espírito Emmanuel, in "Paulo e Estêvão", romance por ele ditado a Chico Xavier)

Meus Amigos e blogAmigos!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

103 anos faria hoje o demiurgo das letras

Seriam 103 anos hoje, e com certeza uma nova surpresa em forma de obra literária ganharíamos!

Vivo estivesse (e como ainda nos faz falta!), JOÃO GUIMARÃES ROSA, o demiurgo das letras, faria aniversário neste dia.

Muito já se falou, estudou e escreveu acerca da genialidade (absoluta, friso eu.) de Guimarães Rosa. Que me perdoem os que me divirjam, mas ROSA é o Autor-Mor deste Brasil, um dos cem autores da história da literatura mundial!

Como manancial literário que é, muitas águas das veredas lingüísticas que a nós brasileiros legou Rosa, todas sombreadas e orladas de buritis, ainda haverão de dar de beber àqueles que não tem medo de adentrar a um “Grande sertão: veredas”, os que tem perene sede de saber, de escavar o mais fundo das rochas lingüísticas para achar enfim os veios misteriosos da nossa língua, tão somente para encontrar quiçá uma palavra enterrada, um termo virgem,e como ela deleitar o próprio espírito.

João Guimarães Rosa, sempre foi muito religioso, católico de fé devotada, “muito bebeu” também em outras religiões. Particularmente tenho que sobre Rosa pairava uma aura mística. Não era ele um cidadão comum, que para este Plano viera apenas por vir. Era mais que isso.

Por isso, a seguir, inda que de modo empírico, descompromissado, já que sou apenas um “autodidata” na linguagem dos números, aos quais dou especial observação vida afora, encontrei algumas confluências numéricas quanto a Rosa. Meras curiosidades podem ser, porém, a mim são no mínimo intrigantes. Repare-se:

- Curiosidade 1, numérica: Rosa nasceu a 27.06.1908

(27.06 = 09+06=15=6) (1908=10+08=18=9)

Posto o número seis sobre o nove, temos o símbolo de câncer no zodíaco, signo de João Guimarães Rosa;


- Curiosidade 2, transcedental: em tudo que escrevia Rosa dizia que o fazia sob a força do Infinito; escrito na horizontal, o numero oito é o próprio símbolo do infinito.

- Curiosidade 3, numérica: Rosa morreu a 19.11.1967

(19.11=1+9+1+1=12=3) (1967=1+9+6+7=23=5) 5+3=8 (infinito de Rosa)


Afora estas meras curiosidades minhas, criou-se um verdadeiro (e injusto!) estigma contra a leitura de Rosa nas escolas. Entre os próprios mestres, mormente os de primeiro e segundo graus (quiçá de terceiro), ainda há uma maioria que jamais leu GUIMARÃES ROSA por absoluto medo de seus parágrafos. Há até os que dizem que leram sem terem lido; leram "por ouvir dizer"... Não sabem eles o quanto culturalmente se está perdendo com isso.

Particularmente, das onze OBRAS DE ARTE que Rosa escreveu, faltam-me apenas três para ler, as quais ainda não conseguir adquirir: Magma, Estas estórias e Ave Palavra. Detalhe: GS:V já li integralmente três vezes (e nunca paro de lê-lo!). Tenho três volumes. Um é relíquia, 2ª ed., de 1958, guardado a sete chaves, e os demais uso para minhas pesquisas.

Àqueles que ainda não leram GS:V, trago aqui duas pertinentes advertências. Apenas uma é minha, a primeira:

1ª) não se lê GS:V sem sofrer uma transformação de alma, de visão do mundo;

2ª) em 1957, um ano após o lançamento de GS:V, já avisava AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO:

“Cuidado com este livro, pois Grande Sertão: Veredas é como certos casarões velhos, certas igrejas cheias de sombras. No princípio a gente entra e não vê nada. Só contornos difusos, movimentos indecisos, planos atormentados. Mas aos poucos, não é luz nova que chega; é a visão que se habitua. E, com ela, a compreensão admirativa. O imprudente ou sai logo, e perde o que não viu, ou resmunga contra a escuridão, pragueja, dá rabanadas e pontapés. Então arrisca-se chocar inadvertidamente contra coisas que, depois, identificará como muito belas.

Repito, quanta falta faz JGR para a nossa literatura, e para o mundo...

Imagens: by web

domingo, 26 de junho de 2011

HOJ'ACORDEI ASSIM!!!


Parodiando Marta Bellini: HOJ'ACORDEI ASSIM!!!



...na memória um rodar bom d' velho sonho...
as brincadeiras de domingo à noite no meu eterno Tênis Clube.
Inesquecível! ...o som, os amigos, elas, os todos ali, os abraços, as mesinhas...

Sonhar é preciso. Careço!


sexta-feira, 17 de junho de 2011

DOM & RAVEL: O CANTO DE UM TEMPO



O CANTO BRASILEIRO FICOU MAIS POBRE HOJE


Baixado o corpo de RAVEL (Eduardo Gomes de Faria) hoje em São Paulo, no cemitério do Araçá, silencia-se eterna uma dupla talentosa e muito criativa que por demais alegrou a juventude brasileira dos anos 70, os inesquecíveis cearenses de Itaiçaba, DOM (Eustáquio Gomes de Faria) & RAVEL. DOM é morto desde dezembro de 2000.

Os temas sociais das letras simples e diretas das músicas de DOM & RAVEL, em pleno período de ditadura militar no país, foram injustamente atreladas ao militarismo pela oposição da época, aliás, a mesma que hoje em dia se encontra na oposição e no poder, e que, pelos fatos desditosos, mensalônicos, caseirístiscos e cuecosos de alguns de seus membros, todos tornados públicos, não são exemplos a seguir para ninguém...

O que me conforta: pode morrer o homem, que é frágil,
mas não sua arte, porque eterna!

- No vídeo a música ANIMAIS IRRACIONAIS -



Ficaram-me a saudade daquele teclado de notas prolongadas,
da pedaleira sincopada da bateria casada com o baixo,
daquelas afinadas roucas vozes,
da realidade crua das letras...

“...Eu passo por muitas igrejas pedindo respostas de Deus,

pra Ele calado no espaço ouvir os lamentos meus. ...” (D & R)


sexta-feira, 10 de junho de 2011

O "JOÃO GILBERTO" DE PARANAVAÍ


Hoje JOÃO GILBERTO (Prado Pereira de Oliveira) completa 80 anos. Um Gênio baiano da só nossa Bossa Nova.

É data de grande alegria, pra ele e também pra nós que tanto amamos e nos dedicamos ao estudo da música – desde os 12 anos de idade –, então influenciados que fomos pela Beatlemania e a Jovem Guarda.

O jeito de JOÃO ferir sincopadamente as cordas do violão, é estilo unicamente seu, e fez escola mundo afora. Indiscutível!


Dentre os apaixonados seguidores de seu estilo de tocar bossa nova na sua forma mais pura, mas dos poucos a conseguirem tirar o mesmo toque e efeito, está um grande amigo, que em JOÃO se inspirava, com absoluta maestria, empunhando um violão ou guitarra:

falo de

ODAIRZINHO



nessa forma diminutiva mas carinhosa que a gente sempre dá a quem gosta e admira de verdade.

Já disse isso certa vez no blog (que inexplicavelmente perdi), mas imprescindível é repetir: quando ainda iniciantes na arte, víamos ODAIRZINHO tocando seu violão em rodas de amigos ou em apresentações nos bailes - já com uma guitarra por força das bandas -, fazendo aqueles acordes que mais pareciam verdadeiras “aranhas” – depois descobriríamos que aquilo se chama “dissonante” –, tamanha era a abertura e a desenvoltura dos dedos de sua mão esquerda, e com um toque cheio de quebradas rítmicas engenhosamente colocadas, som puro, temos de agora fazer DUAS confissões:

1ª – ficávamos literalmente boquiabertos com o belo efeito sonoro conseguido por ODAIRZINHO ao seu violão;

2ª – foi a partir dele, ODAIRZINHO, que – sem que ainda pessoalmente à época soubéssemos aqui no interior acerca da genialidade de João Gilberto – passamos a estudar harmonia de violão com outra visão, a do profissional, mesmo que a vida nos encaminhasse para outros ofícios. Estudos que prosseguimos até hoje...

JOÃO GILBERTO hoje deve estar recebendo NESTA SUA DATA todas as justíssimas homenagens pela impressão de sua marca pessoal na música brasileira, na bossa nova.

Todavia, pedindo vênias ao Gênio aniversariante, particularmente quero nesta data homenagear nosso amigo e não menos genial, ODAIRZINHO, de Paranavaí (Paraná), nossa terra natal, apresentando aqui uma gravação que ele próprio fizera, ainda que de modo rudimentar, cantando em sua casa, em momento de grande paz interior, a partir de um original a nós cedido por sua filha e editado no Estúdio Genius, do grande amigo e radialista, Joaquim de Paula.

Detalhe: Odairzinho está há anos acamado, em estado vegetativo, sendo cuidado com todo carinho e amor por sua esposa e filha, em Rondon (PR), a quem pretendemos visitar em breve. Versos da canção WAVE justificam:


"...Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração
Pode entender...
"

Então ouça aqui

,

ODAIRZINHO cantando "WAVE",
canção de Tom Jobim, gravada em 1977 por João Gilberto, no LP "Amoroso".

Imagem 1: by web
Imagem 2: by arquivo pessoal jrb

quarta-feira, 8 de junho de 2011

...49 ANOS. JÁ?


O

TEMPO QU' NÃO BRINQUE COMIGO!


Pode vir com seu gélido vento,

Esturricar e sulcar o meu rosto,

Pra açoitar meu sentimento;

Nada me dá desgosto.


Esse meu corpo vale pouco,

E morrendo, sei, serei lá esquecido.

É a sina de todo louco,

Que um dia aqui tenha aparecido.


Hoje, em noite tão fria aqui no Sul,

Bateu-me certa recordação.

Tão boa, pintada em auriazul,

Esparzindo arenitos do meu torrão.


É que me lembrei de uma velha publicidade,

Que aos meus dez anos no rádio da copa ouvia.

Era lá naquela casa de madeira, lugar de só felicidade.

Propaganda só para tempo que esfria...


Começava assim o jingle de minha lembrança,

que nem o tempo nunca me rouba:



- Tóc tóc tóc tóc tóc tóc...

- ¿Quem bate?...

- É o frio!!!!!...





... e como eu adorava cantarolar isso...

terça-feira, 7 de junho de 2011

A PAZ DA "VELHA CHICA"



Antigamente a velha Chica
vendia cola e gengibre
e lá pela tarde ela lavava a roupa
do patrão importante;
e nós os miúdos lá da escola
perguntávamos à vóvó Chica
qual era a razão daquela pobreza,
daquele nosso sofrimento.


Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.


Mas a velha Chica embrulhada nos pensamentos,
ela sabia, mas não dizia a razão daquele sofrimento.
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.


E o tempo passou e a velha Chica, só mais velha ficou.
Ela somente fez uma kubata com tecto de zinco, com tecto de zinco.
Xé menino, não fala política, não fala política.

Mas quem vê agora
o rosto daquela senhora, daquela senhora,
só vê as rugas do sofrimento, do sofrimento, do sofrimento!
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.


E ela agora só diz:

“- Xé menino, quando eu morrer, quero ver Angola viver em paz!

Xé menino, quando morrer, quero ver Angola e o Mundo em paz!”

domingo, 5 de junho de 2011

AOS QUE NOS TARDAM

mundos novos que queremos conhecer, há territórios que desejamos conquistar, há relacionamentos que ansiamos desenvolver. Tudo o que ainda não fizemos denuncia nosso estado atual de limitação e aprisionamento.

Nascer é entrar numa prisão corporal em busca de meios mais eficientes para expressar nosso potencial subjetivo.

Que razão haveria para uma alma se conformar com a limitação?

A limitação produz ciclos de tempo recorrentes que servem de oportunidade para superá-la e expandir-se na direção do que for pretendido.

Todo este processo se chama evolução e não há como detê-lo, mas sofre demoras impostas intencionalmente por grupos que a veem como um perigo aos seus interesses. Merecem compaixão, porém, por pretender deter o que é inevitável.

Evoluir é inevitavelmente remover todo obstáculo.





Fonte: EVOLUÇÃO, by Oscar Quiroga

sexta-feira, 3 de junho de 2011

DERIVANDO & DERIVADO

Enquanto s' desdobra,
parte da obra
dá obra d' sobra.



Imagem: by Gustavo Miranda/Agência O Globo/O Estadão