“QUANDO AS SOMBRAS AMEAÇAM O CAMINHO, A LUZ É MAIS PRECIOSA E MAIS PURA."

(Espírito Emmanuel, in "Paulo e Estêvão", romance por ele ditado a Chico Xavier)

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domingo, 14 de agosto de 2011

O RISCO NA CADEIRA


Eu já disse por aqui: o juiz tem qualidades, defeitos e humores.

Com essa afirmação tripartida eu aclarava que um juiz é – antes de tudo, do cargo ou função – um indivíduo, racional, física e espiritualmente. É filho, pai, irmão, sogro, sobrinho, vizinho, um cidadão que nasce como qualquer outro: de uma ascendência que o estima.

Nas malas de sua bagagem há a do ideal e a da técnica. Enquanto aquela é irmã do ego, esta é forjada numa academia de Direito, depois enriquecida por longa disciplina pessoal de estudos para a função.

A vitória num concurso também se assemelha a tantas outras; é regozijo breve: ao cabo de três dias, pouco mais, ou menos, tudo fica ramerraneiro. Ninguém mais se lembra da suada proeza, da nobreza do sonho realizado... Só o agraciado.

Devemos lutar por uma aspiração pessoal por mais intransponível que ela se aparente aos olhos alheios. Afinal, ponteiros podem ser convenção humana, porém, ainda que muitos sejam os projetos existenciais, o prazo de vencimento desta vida pode se dar num inusitado Demarcado qualquer. Alguns planos cederão sempre às despalavras do tempo.

Empossado, o juiz deve naturalmente minimizar suas deficiências técnicas, e atentar para seu estado de espírito doravante; não ser um pilar frio de mármore, e também não sucumbir às quimeras do idealismo nem às instigações traiçoeiras do ego.

Juiz deve participar da vida da comunidade onde esteja funcionando, mas não tem de ser corajoso nem voluntarioso, ou ceder aos ímpetos da adrenalina frente aos artigos e incisos da Lei da Gravidade. Há de não se esquecer da função que abraçou, nem do quão finita lhe é a existência, a qual não tem cargo nem função; é frágil como um pássaro cantador.

A sociedade precisa dos juizes, assim como dos médicos e dos religiosos. Mas vivos! O idealismo de distribuir justiça deve andar de braços dados com o primo racional, o equilíbrio; a contrariedade disso é que faz o risco na cadeira.


Imagem: by web