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Em 2012
continua em cartaz:
“OS ALGOZES DA
ONCOLOGIA”
Às vésperas do Natal meu torrão natal recebeu - em
plena semana de seu aniversário - um belo “presente” da ouvidoria do Estado ao meu
colega de ofício, Doutor Waldur Trentini, embalado em ordinário papel de pão...
O show “Os Algozes Oncológicos”, em (des-)cartaz em
Paranavaí há tantos anos, seguirá no próximo anos sendo protagonizado por
atores com mandato e burocratas travestidos em assistentes de produção, com a
mediocridade de sempre; pachorrentos, mesquinhamente vaidosos, com corações
petrificados, isentos de essência.
Creem-na uma comédia das de picadeiro. Mas nada há
de engraçado; é um drama, escrito com sangue, suor e o fim dos sonhos de
dezenas de vidas de ignotos cidadãos comuns impotentes ao (des-)espetáculo
compulsório. Aliás, como foi a história da fundação da cidade, sempre com muita
violência e vidas perdidas.
Para os demais - os bem aquinhoado$ - há o bálsamo do
Hospital Sírio Libanês em
São Paulo , cuja equipe oncológica é dirigida pelo ilustre conterrâneo paranavaiense, Dr. Paulo Marcelo Hoff,
certamente sabedor da “peça em cartaz” em Paranavaí.
Os atores a que me refiro tem a visão turvada e
ouvidos moucos sujos até mesmo para a Constituição Federal que, sem necessidade
de interpretação, é objetiva em seu artigo 6º quando ao DIREITO À SAÚDE, à
ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS, ao respeito À DIGNIDADE. Tudo isso letra morta
para os tais atores da horrenda peça.
Agora
fico indignado ao ver que, a modo de justificar o eternizado atraso na
apreciação de tão séria e inafastável questão, A ONCOLOGIA PÚBLICA, a ouvidoria
estadual da saúde vem com a arenga pífia e vaga de que “O PARANÁ ESTA PASSANDO
POR UM MOMENTO DE REAVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ONCOLOGIA.”
Ora,
tenham a paciência! Câncer não espera “reavaliação” por barnabés,
sobretudo dos modorrentos dos governos
estadual e federal! O bom e responsável administrador não aceita que um serviço
público de saúde como é a oncologia seja obstado por burocracia.
Vivemos
sob um ordenamento legal, é claro. Porém nem por isso se pode esquecer que a
vida tem primazia. Afinal, qual o papel dos burocratas e dos políticos com
mandatos, senão que a estes, além das proposições, também cabe o dever de
exigirem resultados àqueles?
Infelizmente
virou regra tupiniquim; à falta de vontade política para certa questão, se
criam cortinas de fumaça consubstanciadas em comissões, “grupos” técnicos, etc.
É
exatamente isso que “leio” - em parte - na mal escrita nota de resposta ao
Doutor Waldur:
“
A HABILITAÇÃO DO SERVIÇO DE ONCOLOGIA EM PARANAVAÍ ESTAVA EM NOME DO
HOSPITAL REGIONAL DO NOROESTE, SENDO QUE A
ORIENTAÇÃO (¿¿¿??!!!) É
PARA QUE O NOVO PROCESSO SEJA INSTRUÍDO EM NOME DO HOSPITAL
SANTA CASA DE PARANAVAÍ, APÓS A
DEFINIÇÃO DAS NOVAS DIRETRIZES DA ATENÇÃO Á ONCOLOGIA PELO MINISTÉRIO DA
SAÚDE.”
Então
indago aos tais atores e à “produção” dessa maldita “peça”:
1)-
por qual razão o pedido de habilitação para oncologia corria junto aos órgãos
do governo em nome do HOSPITAL REGIONAL DO NOROESTE, inaugurado em 2006, enquanto
que a Clínica Oncológica privada na cidade, PRONTINHA-DA-SILVA também há (menos)
anos, tem o mesmo pedido de habilitação em trâmite nos ditos órgãos estatais?
Isso
me leva a deduzir que, estando “sepultado” o HRN quanto à especialidade em
oncologia, foi com o advento da Clínica Oncológica da Dra. Gabriela Josepetti
na cidade que algum cotovelo lobista se esquentou
demais, a ponto de partir para o confronto velado. Ou não?
Ora,
vejam: com um simples convênio o erário pode evitar o dispêndio de parte dos R$7
ou R$8 milhões – afirmados pelo Secretário de Saúde, segundo o DN de 11.12.11 -
em investimentos de equipamentos para o outro elefante branco da cidade, o HOSPITAL
NOROESTE, de 1990, na medida em que equipamentos para ONCOLOGIA já estão disponíveis
na esfera privada. Afinal, é público que o atual governo estadual tem manifestado
intenções em terceirizar os serviços de saúde no Estado. Estou errado?
2)- De qual dos “atores” partiu a tal “ORIENTAÇÃO” para que se mude o
processo, começando nova via sacra procedimental em detrimento dos pacientes
oncológicos da cidade e região, para que se habilite agora a SANTA CASA em
oncologia, quando esta é uma ENTIDADE
BENEFICENTE E SEM FINS LUCRATIVOS, e consabidamente sua administração – segundo a ampla
imprensa da cidade e região – também vive de joelhos e pires na mão junto aos
governos, clamando por falta de verbas?
Some-se a este fato a recém aventada incorporação do
Hospital Regional e do Hospital Noroeste – este por um ano, sob contrato, um
empreendimento privado que reclamará mais de R$6 ou R$7 milhões para sua obra
física ser concluída, e que tem entre os seus maiores investidores a primeira
dama – pela Santa Casa. Tudo isso está me parecendo megalômano demais para o
caso de uma cidade cujos homens públicos com mandatos sequer conseguem resolver
um entrave burocrático de habilitação oncológica...
Enfim, nessas perguntas (ainda) sem respostas,
reside o meu ceticismo em relação à administração pública, certo de que, de
fato, ela É E SEMPRE SERÁ
ineficiente, porque gerida por efêmeros atores, incompetentes e insensíveis nem
mesmo diante do padecimento físico dos de seu povo, que os mantém em seus
dourados pedestais, mesmo ante contraprestações diminutas, fatos que sempre me
lembram o final do filme “Paixão de Cristo”; o tempo passa, mas nunca muda. O
manso de espírito termina sempre crucificado.
* Artigo aqui publicado posteriormente em função da perda de seu arquivo no Blog do Joaquim de Paula, na coluna deste blogueiro, onde lá fora publicado originalmente. JRB